sexta-feira, 3 de julho de 2009

Malandra desocupada

Sozinha.
No banco do adro da igreja sentada,
Calada e absorta,
Sou voyeur de uma cidade solta.

Apoquento os apressados.
Descalça e a escrever,
Pensam-me uma malandra desocupada.
Olham uma e outra vez,
Espreitam em desrespeito.
Ouço um "boa tarde" desconfiado
e curioso dos meus feitos.

Mas ao invés de perguntar,
Discutem-me o destino.
Ouço-os sibilar,
E tantos defeitos estão eles a apontar...


*Hora de almoço de mais um longo dia de trabalho

5 comentários:

  1. Sempre que me ponho a escrever na rua, sinto a mesma pressão, surgem-me os mesmos pensamentos, as mesmas leituras de quem passa.

    O importante é o que nós vemos, o que sentimos, o resto, que fique com quem pensa e faz.

    Fica bem!

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  2. É verdade... concordo. Mas faz imensa confusão à maioria das pessoas, do género "o que estara aquela para ali a fazer? a escrever? Mas a escrever o quê? Isso é coisa de quem não tem mais o que fazer..." grrr... às vezes acho piada aos olhares, outras não...

    *

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  3. Somos escravos dos fotões que reflectimos, neste país de maldizentes (sim, noutras terras e lugares o ar é mais livre e o olhar mais correcto). Neste país, quero ser buraco negro.

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  4. Mas o que interessa quem passa, se eu só vejo e ouço quem quero, se eu só quero ser o que sou?

    Um beijo

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  5. Há gente que não pode ver ninguém feliz...Texto bonito, parabéns.

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