segunda-feira, 29 de junho de 2009

Cansados

Palpito-os cansados. 
Não encaixam as gretas das mãos, Cansadas. Já não as dão. 
Já não se dão. Não se tocam. 
A pele, Uma rugosa outra sulcada, Está cansada. 
Tal e qual o coração.

domingo, 28 de junho de 2009

O ter de ser

Padrão.
Gaveta.
Taxonomia.
Dogma.
Norma.
Regra.
Perfeição.
Cega.
Forma.
Apatia.
Anorexia.
Solidão.

...evasão?...
Não! Merda! A puta da resignação.

O que fazer quando começas a duvidar dos óbvios da existência?

Disse o tapete

Arrastei-me até ao sofá.
Não fiquei no chão, que vitória!...
Hoje, o tapete deu uma ajuda e não me quis.
Diz que já vivemos a nossa história.

Hoje


quarta-feira, 24 de junho de 2009

Na menopausa de um amor

Vim de ver o mar. Estava agreste a brisa, deixou-me triste. E já lá vão quarenta anos. Quatro décadas desde que partiste. Sim, sentei-me na barreira. Que triste sem ti.
Sabes que querem construir um molhe novo? Não eu não vou deixar, tenho um plano. Não te posso contar, ias achar uma loucura. Posso adiantar que implica aquela rocha em que te sentavas, não, não é essa, a outra, onde o teu pai te sentava enquanto pescava. Não acredito, como podes pensar em outra rocha, que não aquela em que fizemos tantas coisas? Bem, no dia em que começarem as obras, encaixo-me bem no teu sítio, continuo a achar que deixas-te impressas as tuas pernas naquela rocha... encaixo-me bem nela, visto o teu oleado e muno-me da tua querida cana de pesca e ao verem tal imagem, vão-me pensar um espectro de ti, vão fugir assombrados, vão pensar que aquela rocha, aquele molhe e aquela praia estão assombrados. Com tanta crendice que por aqui mora, ninguém terá coragem de continuar as obras. Com sorte, e para agradar aos mortos, ainda erguem uma estátua em tua homenagem. É loucura não é?
O que foi querido? Que foi que eu disse? Não, não estás morto em mim, sabes que jamais estarás meu jacinto-jasmim-camomilo, como poderias estar morto, se fazemos amor todos os dias? Se estivesses morto com quem estaria agora a conversar? Um dia destes vou ter contigo, achas que posso levar na bagagem o enxoval que tenho feito para os nossos meninos? Espero que sim, são roupinhas leves e frescas, com o calor que faz por aí...
Vejo a nossa quinta. Que raio nunca mais está pronta, disseste para esperar pela tua carta, com a passagem e a nossa nova morada, e nada, nunca mais chega. Bem sei como és picuinhas, estás a construir um castelo não é? Não é preciso nada dessas coisas, só nos quero aos dois, juntos, até pode ser numa daquelas cabanas que vi nas fotos. Pode?
Vou fazer as minhas malas, deixaste cá tantas coisas, levo-te tudo, prometo!
Um beijo salgado da tua orquidea-rosa-silvestre, que espera com fome a tua carta. Já sei que as telhas demoram a chegar até onde estás, não, não quero piscina... só quero ir para ao pé de ti.
Tenho um segredo, vou-te contar... sabes que há dois meses que não me vem o período, sabes o que isso significa meu jacinto-jasmim-camomilo?

segunda-feira, 15 de junho de 2009

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Carne

Gosto dos teus cabelos de metro salgados.
Sais do mar temperada,
Com os mamilos espetados nos triângulos molhados.

Meço a tua carne.
Faço contas...
O meu abraço sobra na tua cintura,
Mas não chega para laçar as tuas ancas.
Generosas ancas!...

Não...Não fales.
Sabes que eu não-falo.
E prefiro beber o teu suor às tuas palavras.