domingo, 23 de agosto de 2009

Desinteligências

Foi ao lado mais uma vez. Outra noite, da nossa curta existência, na mesma cama, sem que os teus pêlos das pernas açoitassem sequer a pele das minhas. Um fosso. Cabiam quantas pessoas entre nós? Diria seis, tal era a distância a que me querias de ti. Frustrei-te a péssima maqueta que trazias sob a jugular. Julgaste-me o espírito, os movimentos e os vocábulos. Não valia a pena tentar? Sou sobremodo presumível? Ainda não escutaste o quão rumorosa posso ser? Se não falas, falo pelos dois. Se não me calas, julgo-me certa. Sabes o que sobrevém do momento em que pensamos saber de cor o outro? Finda-se o apetite. Não te apetece mais aquele prato. Já lhe adivinhas o paladar. Achas que já me provaste toda? Já viste tudo o que aqui me vai… Não. Sei que te amo, todos os dias sinto o desejo ardente de me renovar, para que não enjoes.